De Maria vai com as outras a Protagonista: Saiba como evitar o Efeito Manada

Estamos na antevéspera de uma nova eleição para prefeito, vice-prefeito e vereador. Marqueteiros de todas as espécies, políticos e candidatos já estão com as estratégias definidas para convencer a grande massa a votar em suas chapas.

Nas últimas eleições, em 2014, para presidente, senadores e deputados, conheci um marqueteiro politico que me confidenciou uma estratégia que ele chamava de: a última cartada. Me surpreendi com a revelação (só não sei por que). Era uma estratégia de deterioração da imagem do adversário politico.

Essa consistia em contratar pessoas “boas de papo” para ficarem nos botequins, padarias e feiras livres da cidade achincalhando o político adversário — Inventando mentiras sobre sua conduta ética, moral, seu casamento e sua carreira politica. O que surtia um grande efeito segundo ele — O povo segue o senso geral, basta que alguns acreditem em algo e, todos acreditarão também (palavras do Marqueteiro).

O vídeo abaixo legitima essa constatação. Ele revela como a pressão de um grupo pode interferir no comportamento do indivíduo. Atores, em um elevador, modificam os comportamentos e levam as pessoas a adotarem o mesmo, ainda que sem cabimento. (note que quanto mais jovem mais influenciável):

O vídeo chega a ser cômico, mas é também trágico, pois mostra como pessoas são manipuláveis. Se bem orquestradas por alguém, podem seguir tendências, modismos e opiniões.

São conhecidas como — Maria vai com as outras —, pode ser um xingamento assim como uma constatação da realidade nua e crua…

Por mais que não gostemos de ser assim chamados, a verdade é que, seguimos a maioria — vamos onde todos estão, compramos o que todos compram e escolhemos o que a mídia diz que devemos escolher (talvez sem perceber).

Pautados por informações que recebemos passamos a atuar em bando, assim, assistimos aos filmes mais votados para o óscar, enfrentamos filas intermináveis nas Black Friday ou nas inaugurações de lojas “conceito” ou da “moda” para comprar aquilo que nem sabemos se precisamos…

…lembra do extinto Orkut (saiba que estão ensaiando um retorno)? Todo mundo tinha uma conta no lá, mas de repente surge o Facebook, e, todos migram pra ele e, o Orkut, cai no esquecimento. Parece-me que em dias atuais, uma nova mídia: chamada Snapchat tem produzido efeitos parecidos. — Talvez ninguém caia, mas ela tem levado seguidores em um efeito semelhante.

O mesmo acontece nas brigas em estádios de futebol ou em manifestações que deveriam ser pacíficas — basta alguém se comportar agressivamente que logo uma grande massa assume a atitude grupal. Este fenômeno é conhecido como EFEITO MANADA.

O EFEITO MANADA…

O termo traduz-se ao gado que os vaqueiros conduzem para onde querem, mas apontam também para pessoas que anulam sua pessoalidade e protagonismo, seguindo a multidão. São massa de manobra facilmente levadas a atuar conforme o desejo do manipulador.

Massa de manobra é um conceito que se refere a violência simbólica de Pierre Bourdieu, onde a sociedade é conduzida a uma opinião ou ideologia pré-formada por um grupo político, de mídia, religioso, ou de outra natureza, para fazer passeatas ou movimentos para defenderem a ideologia sob a qual estão influenciadas.

O efeito manada é mais comum entre os animais que vivem em bando — Quando um começa a correr, os outros o acompanham, claro que por trás disso existe um extinto de autodefesa — se um animal saiu correndo, deve haver algum perigo por perto. Nesse caso, seguir o grupo pode fazer toda a diferença, pois, ficando, podem se tornar um alvo mais fácil para o predador.

Com o homem o efeito é parecido. No mercado financeiro, por exemplo, quando a bolsa está em alta e as ações caras, todos investem, quando a bolsa está em baixa e as ações baratas a tendência é vender.

Na tragédia da boate em Santa Maria, no sul do Brasil, onde centenas de jovens perderam suas vidas por conta de um incêndio —, ao entrarem no local, os bombeiros perceberam que muitos morreram no banheiro, provavelmente porque viram alguém correndo naquela direção e acabaram seguindo: “se estão indo naquela direção é porque deve ser o melhor a fazer”. Efeito manada.

A MEDIOCRIDADE ESTÁ EM SEGUIR A MULTIDÃO…

Ser medíocre significa não ter qualidades ou habilidades suficientes para se destacar naquilo que se propõe a fazer, seja na vida pessoal ou profissional. É alguém que segue a maioria, o todo, o senso comum (Já falei sobre o tema AQUI).

Como homem moderno e ultra tecnológico, sou fã e entusiasta das inovações, da internet e das mídias sociais — uso quase todas. E como estudioso do fenômeno facebook, percebo, por exemplo, o quanto este efeito está presente…

…a plataforma se legitimou em um exemplo clássico de efeito manada —, Tornou-se um lugar onde todos postam suas fotos de viagens, passeios, almoços mais elaborados e reuniões com amigos. Mostrando o quanto  “parecem” estar bem e felizes, logo, todos fazem o mesmo.

Vale ressaltar que; ao trocar o momento vivido, pelo click da foto + escrita do comentário + postagem na rede, deixa-se de vivê-lo, trocando-o pela necessidade de seguir o bando. Todos vêem, mas poucos enxergam (veja a “senhorinha” da foto).

Nos negócios não é muito diferente, vez por outra aparece um movimento novo, algo que deu certo em algum lugar; uma “tendência” e, os empreendedores de modinhas aparecem: paleterias, food trucks, franquias milagrosas, marketing multinível e tantos outros tentando ditar o caminho a ser seguido…

A vida vem imitando a arte — quantos homens e mulheres não começaram a fumar tentando se tornar participantes do mundo de Marlboro; Jovens falando mais abertamente sobre sexo no estilo altas horas; Quantos bordões as novelas globais já colocaram na boca do povo; Quantos modelos de roupas ou praias já ficaram famosas graças a TV. Na verdade já não sabemos mais o que é real ou midiático. É mentira Terta? (bordão do personagem Pantaleão de Chico Anysio).

O MAIOR PROBLEMA…

Gentes iguais, com as mesmas ideias e ações. A grande riqueza humana está nas diferenças, na singularidade, na particularidade de cada um. Tenho visto pessoas com medo, em pânico e sem saber como atuar diante das intempéries que a vida traz.

Gente que espera alguém falar primeiro em uma reunião para que assim ele concorde, apoie com mais segurança. — Gente assim não inova, não empreende, não encanta, não surpreende. Estão fadadas à repetição, a mesmice, a morosidade, ao plágio. Pessoas feitas em série, como em filme de ficção cientifica.

MINHA DICA…

O grande barato da vida é criar, é inovar, é viver com intensidade, amar com largueza, tentar, arriscar, participar. Ser autor da própria história. Quem segue a boiada está destinado ao matadouro, ao precipício, a escravidão das ideias. Tenha muita personalidade, fuja da mediocridade e seja PROTAGONISTA.

É provado cientificamente que, para a natureza humana, é mais importante estar em de acordo com o grupo do que estar certo. É preciso que cada um de nós procure evitar a passividade.

Talvez, nunca conseguiremos fugir de algumas consequências do efeito manada, mas podemos questionar um pouco mais, não aceitando a primeira resposta, evitando seguir o coletivo do ‘’por que sim’’ e ‘‘porque não’’, isso não é resposta não é! Devemos procurar uma visão ampla, isto é, permitir-se a dúvida, para fugir das consequências negativas do efeito manada.

É supernormal “masterizarmos” o comportamento de alguém de sucesso e escolhermos modelos consagrados para seguirmos e, até imitar; copiar mesmo. No entanto, não sigapessoas, crenças, idéias, ideais, governos ou conceitos cegamente. Questione sempre, não permita que um marqueteiro qualquer te induza a decidir ou acreditar em falácias nocivas. Afinal, não são as respostas que movem o mundo, mas sim as perguntas.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues