Fracasso é tentar ser quem você não é para agradar outros. Dane-se…

Uma vida medíocre, apequenada e infeliz é aquela condicionada à: o que vão pensar de mim. Não há nada pior do que deixarmos de viver nossas próprias vidas pré-ocupados com o que terceiros vão pensar…

É careca? Tem que fazer implante ou usar boné. Tem sotaque nordestino? Encubra-o para que não o percebam. É religioso? Não fala para não ser taxado de burro. É mulher? Seja submissa. É pobre? Gaste todo o salário com artigos de grife para ser aceito. Não bebe? Tem que beber para não ser careta. Não gosta de sertanejo? Finja que gosta, pois está na moda…

…para ir à praia de biquíni tem que ter barriga chapada, celulite zero e bumbum sem estria. Isso é um ultraje — para ir a praia basta ter um corpo e se amar do jeito que é. Gente da vida real tem celulite, estria, culote, barriguinha de chope. E outra né; todo avião tem que ter pneu.

Surpreendentemente a vida passa e perceberemos que amores foram perdidos por medo levar um fora — o que vão pensar de mim se eu tomar um toco?! Obras deixaram de serem escritas por medo de haters. Oportunidades de ouro perdidas n carreira por medo de críticas — e se o que eu falar for besteira?

Você já parou pra pensar?

Como seria a sua vida se não se preocupasse com o que outros vão pensar de você? Quanta coisa teria feito, que atitudes teria tomado, as decisões que teria protagonizado (ou não), ONDE ESTARIA AGORA se não estivesse escravizado pelo: o que vão pensar de mim…

Com esse Mindset, centenas de oportunidades se esvaem e nunca mais voltam.

No livro As armas da persuasão o autor Robert Cialdini, apresenta o gatilho da prova social (entre outros gatilhos mentais):

“Decidimos o que é correto descobrindo o que as outras pessoas acham que é correto.” – Cialdini

O princípio da prova social leva em consideração que as pessoas observam o que outras estão fazendo para então agirem em conformidade. Assim consideram a ação dos outros para agir, já que teoricamente cometemos menos erros quando agimos de acordo com evidências que têm funcionado bem para outras pessoas.

O que de certa forma é também conhecido como efeito manada/boiada, o Maria vai com as outras: quanto mais gente fazendo determinada coisa, consumindo determinado produto, assistindo determinado filme, maior são as chances de aquilo ser o bom, correto, pertinente. A isso ele chama de prova social.

Na verdade todos, em algum grau, deseja agradar aqueles que estão a sua volta, isso é normal. Mas torna-se nocivo quando essa preocupação anula sua capacidade de se abster do mundo egoísta e tendencioso, deixando de ser quem é para ser quem as pessoas gostaria que você fosse.

A felicidade está em ser você mesmo, com todas as suas imperfeições, singularidade curiosidade, autonomia, criatividade. Cada pessoa é única e ai está a riqueza da vida.

Vamos apertar o Dane-se e viver?

O olhar das pessoas é cruel: comentário de canto de boca; a meia mão; falando ao pé do ouvido, isso é constrangedor. O apontar do dedo, as perguntas capciosas, as deduções patológicas, a falsa oferta de ajuda apenas para coletar informações para julgarem ainda mais…

Confesso que um dia também fui assim — preocupado com o que pensariam de mim — escondia-me atrás de minha timidez. Preocupava-me todo o tempo com o julgamento alheio.

Perdi inúmeras chances de criar, inovar, encantar. Até que um dia me dei conta, “caí em mim”, acordei do sono da idiotice. Resolvi apertar o botão do dane-se (sei que está mais acostumado com o botão do f*da-se, mas quis ser politicamente correto). CARACA, mas o que tô fazendo aqui? Censurando a mim mesmo?! Dane-se o politicamente correto. Ou melhor, F*DA-SE.

Aliás, não há texto mais delicioso que O Direito ao “Foda-se” escrito pelo sempre genial Millôr Fernandes.

Quando você aprende a apertar o botão do f*da-se, sua vida se transforma. Ah, como é libertador externar um sonoro F*DA-SE. De fato deveria ser um direito assegurado na Constituição federal.

Pelo direito ao F*da-se:

Para aqueles que nada fazem e só criticam os fazedores, meus sinceros f*da-se: as grandes obras são realizadas pelos que se mobilizam e não por aqueles que o único trabalho que tem é esperar dar errado para dizerem: eu disse que poderia dar errado!;

Aos que criticam quem fracassa um empolgante f*da-se: não há experiências sem tropeços. Para cada criação disruptiva, criativa, inovadora, existe um histórico de tentativas e erros — o que os urubus chamam de fracasso.

A todos que torcem pelo meu erro, um sonoro f*da-se: existe sempre uma torcida do contra. Acostume-se com isso — para cada pessoa que torce pelo seu sucesso, existem outras nove torcendo pelo fracasso. Assim poderão legitimar sua própria inercia e parasitismo, dizendo: eu sabia, isso não poderia dar certo, por isso que eu nem tento.

Sai pra lá Zica. Tem gente muito chataaaa.

Vamos definhando, aniquilando-nos e seguindo o todo, a boiada, o senso comum, a mediocridade. Eu quero é ser livre, testar minhas teorias, expor minhas dúvidas, sugerir mudanças e se quebrar a cara, f*da-se, tento de novo.

Luto pelo direito de errar sem que isso seja a última coisa do mundo.

Viva a vida como se cada dia fosse sua última oportunidade. Benjamin Disraeli já dizia: “A vida é muito curta para ser pequena”.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues