Resiliência é conceito ultrapassado; seja Antifrágil

Imagine que você terá que embarcar uma encomenda; algo muito frágil. Deseja que chegue ao destino intacto, para isso o embala muito bem e cola na embalagem uma grande etiqueta com a descrição: FRÁGIL.

Mas sabe que na viagem, diante de qualquer caos, é possível que o produto se quebre ou avarie, afinal, trata-se de um produto frágil que faz parte da categoria de coisas que são danificadas pelo caos.

Agora, pense na existência de algo que funcionasse ao contrário, que quanto mais fosse exposto ao caos houvesse evolução e ele melhorasse, o contrário de frágil; antifrágil — uma categoria de produtos que se beneficiam com o caos.

“Apesar de percebermos apenas instintivamente, muitas coisas na vida se beneficiam do nervosismo, da desordem, da volatilidade e da agitação. O que é identificado como antifrágil é a categoria de coisas que não apenas se beneficiam do caos, mas que precisam dele para sobreviver e crescer”

Essas são palavras da orelha do livro: Antifrágil: Coisas Que Se Beneficiam Com o Caos, de Nassim Nicholas Taleb que é também autor de A lógica do Cisne Negro.

No livro, o autor ao trabalhar o conceito de antifrágil identifica sistemas, mercados financeiro, relações e evolução das espécies como proprietários de característica de antifragilidade, que é a qualidade das coisas que se beneficiam do caos.

Para Taleb o oposto de frágil não é resiliente, sólido ou robusto. Ele traduz a ideia de uma fragilidade reversa que aponta para o oposto; a antifragilidade.

Antifrágil:

Nassim Taleb sugere que o termo representa aquilo que se aperfeiçoa quando enfrenta situações adversas. A aleatoriedade, que é o que permite a ocorrência de situações adversas é, portanto, uma condição necessária para que sistemas e organismos cultivem sua antifragilidade e possam, assim, se fortalecer ante imprevistos.

Resiliência:

A palavra Resiliência vem do Latim: Resilire, que significa recusar, voltar atrás. Na psicologia, significa voltar ao estado anterior. Em física, Resiliência se refere à capacidade que um material tem em suportar grandes impactos de temperatura e pressão, se deformar ao extremo, mas pouco a pouco conseguir se recuperar e voltar à sua forma anterior.

O antifrágil está para além do resilienteO resiliente resiste aos choques e permanece o mesmo; o antifrágil aperfeiçoa-se.

Permita-me exemplificar:

Vejamos o corpo humano: nosso sistema imunológico é antifrágil quando, por exemplo, atacado por uma bactéria faz com que o corpo desenvolva anticorpos capazes de resistir e combater uma contaminação maior, evoluindo e criando barreiras de proteção, ou seja, tornando-se melhor que antes.

Uma pequena desordem que nos deixa mais fortes. Se fôssemos apenas resilientes, sólidos ou robustos, resistiríamos até certo nível de agressão, além disso, “quebraríamos”.

Em suma, quando exposto ao caos o resiliente pode resistir e permanecer o mesmo, o que não é ruim, no entanto o antifrágil além de resistir ele se beneficia do estresse do caos e sai da situação evoluído.

Diga-me — o que deseja ser? — Resiliente ou antifrágil?

O antifrágil necessita do caos

Caos significa desordem, confusão e tudo aquilo que está em desequilíbrio. A vida quase sempre é um caos — no amor, nas relações ou no mundo dos negócios, os problemas representam o caos e, ser resiliente é importante, porém o ser humano se destaca pelo poder de evolução e mutação, aliás, evolução é a palavra que define o homo sapiens.

Sem a hostilidade de um ambiente aleatório, o antifrágil não tem como aprender, reforçar-se, melhorar, evoluir. Nada pior do que rotina em um ambiente seguro para que o frágil permaneça em seu estado natural e cada vez mais fragilizado.

“Viver é também ter desgostos” ( F rase usada pelo poeta trágico grego Eurípedes em sua obra Medeia). 

Claro que a vida não é só desgosto, há também momentos de gostosura, mas os dissabores e o componente DESGOSTO, estão sempre presentes em forma de caos.

Nós, os humanos, fazermos parte das “coisas” que não apenas se beneficiam do caos, mas que precisam dele para crescer.

Podemos optar por sermos resilientes e passarmos pelo caos intactos ou, podemos escolher a antifragilidade e nos beneficiarmos do caos evoluindo para uma melhor versão de nós mesmos. A escolha é sua.

Até a próxima!

Achiles Rodrigues